
Vertente Extensiva do CACD: a arte como ponte entre a academia e a comunidade
A vertente extensiva do Campus Avançado da Chapada Diamantina (CACD/UEFS) tem se afirmado como um importante elo entre a universidade e a comunidade local, promovendo o diálogo entre saberes científicos, expressões artísticas e práticas culturais do território. Por intermédio das exposições e das ações de valorização da arte regional, o campus reafirma um dos papéis transformadores da extensão universitária: conectar a academia à vida, à memória e às identidades do povo chapadeiro.
O espaço expositivo abriga duas salas abertas à mostra de artistas locais, além de obras, materiais e registros científicos que contribuem para o fortalecimento da identidade cultural e ambiental da região. Cada exposição é um convite à reflexão sobre transformação social, fazer científico e sustentável, preservação da memória e fortalecimento das raízes coletivas.
Um exemplo simbólico dessa integração é a pintura que ocupa uma das paredes do campus, realizada, há cerca de uma década, pelo artista Everaldo Barbosa — poeta, artista plástico, escritor e compositor da Chapada Diamantina. Utilizando a técnica singular de carvão e vinho, Everaldo retratou o Senhor dos Passos, figura de profunda devoção popular e padroeiro do povo garimpeiro. Essa representação carrega um significado expressivo para Lençóis e para toda a Chapada Diamantina, pois remete à fé, ao trabalho e à resistência de um povo que construiu sua história nas serras, nas pedras e nos caminhos do garimpo.
Recentemente, Cristiano Lopes – artista plástico, restaurador e conservador de bens artísticos históricos móveis, imóveis e integrados, produtor cultural e integrante do ARA cultural – contribuiu para a fixação e estabilização da obra ao garantir a preservação e a continuidade da mesma como parte viva da memória coletiva na estrutura do casarão. Tal gesto reforçou o compromisso com a valorização da arte local e com a manutenção dos laços simbólicos que unem a comunidade à sua história e à universidade.
Dessa forma, tanto o CACD quanto os artistas em questão reafirmam sua vocação como um espaço de encontro e partilha, onde a arte se faz ponte entre o saber acadêmico e o sentimento popular, nutrindo a identidade chapadeira e inspirando novas formas de pensar e sentir o território.
