EXPOSIÇÃO EM LENÇÓIS DESTACA PRESENÇA INDÍGENA NA CHAPADA

Dois mundos, duas visões, uma causa: tornar visíveis as comunidades originárias (indígenas) da Chapada Diamantina é a exposição que será aberta ao público no próximo dia 30 na galeria do Campus Avançado da Chapada Diamantina da Universidade Estadual de Feira de Santana – CACD.

A mostra apresenta obras do artista Artur Soar, do cacique Juvenal Payayá e um painel feito pelas bordadeiras de Lençóis e será aberta a partir das 19h do dia 30 de abril. A curadora da exposição, a coordenadora do CACD, Marjorie Nolasco, diz ter sido provocada a trazer esse assunto para o espaço do campus ao ouvir um aluno afirmar que não havia indígenas na Chapada.

“Com essa mostra, buscamos apresentar à população de Lençóis e seus visitantes, a presença indígena na Chapada Diamantina, região não só marcada por nomes de lugares e de plantas de origem indígena, mas por descendentes que resistiram e que estão retornando/ressurgindo”, afirma Marjorie. 

A arte de Artur Soar e os desenhos do cacique Juvenal Payayá  dialogam sobre uma preocupação comum e com grandezas similares, segundo ela. “A grandeza do artista que divide o espaço com o “rabiscador” (como se define Juvenal Payayá) na sua grandeza de Cacique e estrategista que, humildemente, se apresenta também como artista. Ambos para afirmar: estamos aqui! E estamos rebrotando, nos reorganizando, retornando e retomando”, destaca a curadora.

Juvenal Payayá é cacique da etnia que o nomeia, e retornado à Chapada Diamantina para as nascentes do Rio Utinga, onde vive e busca reunir os que foram espalhados pelo país. Escritor, Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual da Bahia – UNEB, e economista pela UEFS, ele é um “desenhador” de reuniões. Em pequenos pedaços de papel, blocos, cadernos, qualquer folha em branco vira suporte. Lápis e caneta, ao mesmo tempo, anotam e desenham. Nas imagens que surgem, o imaginário indígena se desdobra.

Artur Soar nasceu em Salvador e passou parte da infância em Lençóis onde teve as primeiras influências artísticas. É bacharel e mestre em artes visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, tendo se dedicado a estudar a ardósia da Chapada como matriz de gravura em sua dissertação. Nesta exposição ele apresenta parte da série “Olhares de um povo que re-existe em nós” dedicada aos povos indígenas. Premiado e reconhecido, sua obra em xilogravura já rodou o mundo e pode ser adquirida e admirada na em sua galeria na Rua Boa Vista, 196, em Lençóis.

Também integra a exposição um painel artesanal feito pelas bordadeiras de Lençóis que fizeram parte do projeto Chapada em Retalhos realizado em 2013 para contar a história da região por meio de delicados trabalhos manuais em retalhos e bordados. Os painéis e quadros produzidos fazem parte do acervo do Campus Avançado da Chapada Diamantina – UEFS.

Serviço:

O que: Exposição: Dois mundos, duas visões, uma causa: tornar visíveis as comunidades originárias (indígenas) da Chapada Diamantina

Onde: Campus Avançado da Chapada Diamantina (UEFS/CACD) – Praça Horácio de Matos, nº 854, Lençóis-BA

Quando: de 30 de abril a 31 de maio de 2025, das 8h às 12h e das 16h às 22h

Mais informações

Maiza Andrade – jornalista e produtora da Galeria Soar